Programando com a comunidade

Um dos posts mais legais da Curso-R, na minha opinião, é esse aqui, feito pelo William Amorim. O texto não tem nada de códigos, mas cita motivos pelos quais é muito bom aprender estatística e programação.

Mas eu colocaria um tópico adicional no texto, que apesar de ter sido abordado, talvez não tenha ficado com o devido destaque. Eu adicionaria a existência da comunidade como elemento primordial para o sucesso no aprendizado de tópicos difíceis, especialmente a ciência – e a estatística, que é a meta ciência – e linguagens de programação, com destaque especial para o R.

Esse post é uma tentativa de desenvolver esse tópico adicional. Me baseei na palestra dada pela Julia Stewart Lowndes na useR!2019, que foi fantástica. Recomendo o texto abaixo para todos que se sentem perdidos quando falamos de “comunidade”.

O que é a comunidade?

Todos nós fazemos parte da comunidade. Ela é o motor que faz a ciência aberta andar e os pacotes do R serem criados. Ninguém é dono da comunidade – e nunca será. A única forma de tirar proveito dela, é contribuindo, pois ao contribuir, colocamos atraímos a atenção dos trabalhos das outras pessoas. É como se fosse o modelo da colcha de retalhos da teoria da relatividade do Einstein: cada pessoa atrai os trabalhos das outra pessoas, que seguem em diferentes direções.

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Quem será que é a bolinha amarela?

Figura 1: Quem será que é a bolinha amarela?

Contribuir com a comunidade tem duas vantagens principais, ambas indiretas:

  1. Economizar tempo. Pessoas vão trabalhar para você, de graça, do nada. Você ganhará, também de graça, o feedback necessário para aprimorar seus trabalhos.
  2. Ganhar dinheiro. As pessoas vão começar a te chamar para participar de eventos, workshops e projetos. Esses espaços têm um grande impacto na carreira e trazem oportunidades.

Isso, é claro, sem mencionar todas as vantagens sociais envolvidas. Preferi me ater somente às motivações egoísticas para não cair em argumentos baseados em emoção.

Mas é claro que essas vantagens vêm com um custo. Para contribuir de forma efetiva com a comunidade, precisamos trabalhar.

Só abertura gera abertura

É necessário ajudar a comunidade a te ajudar. Ser aberto não é fácil, pois exige o uso de certos padrões de organização que são utilizados por boa parte da comunidade.

Na comunidade do R, isso envolve, por exemplo: i) usar do GitHub, ii) os princípios tidy e iii) estilos de programação, como o styleguide do tidyverse, dentre muitos outros.

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É importante destacar que esses padrões não são regras definitivas; são apenas convenções! Isso significa que não devemos ficar bravos com quem não usa, até porque nós mesmos podemos acabar não usando no futuro.

Marketing é importante

A comunidade é densa e dispersa. Por isso, às vezes é necessário dar um empurrãozinho nas nossas soluções e divulgar nosso trabalho para atrair atenção.

Na comunidade do R, uma boa forma de divulgar nossos trabalhos é usando do Twitter. Um possível caminho seria i) fazer um novo pacote, ii) criar um blog post sobre isso, e iii) divulgar as atualizações do seu pacote de tempos em tempos e iv) interagir/retuittar com todos que citam você ou seus trabalhos. Para interagir, use a hashtag #rstats, emojis e piadas.

Mas tome cuidado. As redes socias tentam de todas as formas se tornar o objetivo, e não o meio para um fim:

“Social media, it’s just the market’s answer to a generation that demanded to perform. So the market said, ‘Here, perform everything to each other, all the time, for no reason.’ It’s prison. It’s horrific. It is performer and audience melded together (…) I know very little about anything, but what I do know is that if you can live your life without an audience, you should do it.”

Bo Burnham (Make Happy, 2016)

A rede social pode ser tóxica e nos tornar improdutivos. Por isso, temos de usá-la com parcimônia e consciência.

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A comunidade é inclusiva

No passado, a comunidade de programadores era machista, grossa e antipática. Ela ainda é assim, mas hoje em dia isso não é mais legal.

Agora, regra da comunidade é ser gentil, mesmo com quem não é gentil com a gente. Então se você acha engraçado quando um programador “raiz” tira sarro ou é grosso com algum iniciante, está na hora de mudar. Felizmente isso aconteceu pois a comunidade finalmente chegou à – agora óbvia – conclusão de que, quando somos inclusivos, aumentamos a quantidade de pessoas que contribuem com a gente.

Na comunidade do R, isso acontece de forma muito especial. É só ler o meu post sobre a useR ou o post da Bruna sobre a rstudio::conf para notar o quanto isso é importante. E é impossível não mencionar aqui o impacto que o RLadies tem nesse grande avanço. Talvez um gráfico seja melhor do que palavras para explicar esse fenômeno:

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É trabalho mesmo?

Cá entre nós, é fácil confundir esses trabalhos adicionais para que a comunidade nos ajude com simples boas práticas. Ser organizado, comunicar bem as ideias e ser gentil me parecem ser habilidades que realmente queremos ter na vida.

Mas pode ser difícil dar o pontapé inicial. Por isso, separei um pequeno conjunto de sugestões para quem quiser entrar nesse mundo:

  • Se você é uma R lady ou faz parte de alguma minoria de gênero, participe do RLadies. Acredito que o jeito mais efetivo de entrar seja falando com alguém que faz parte, mas se você quiser, também é possível acessar por esse link.
  • Comece a postar coisas de #rstats no Twitter. Sua primeira função em R, seu primeiro pacote, seu resultado de sucesso, ou sua enorme falha. As pessoas vão começar a interagir com você e você estará falando com pessoas famosas da comunidade antes que perceba.
  • Fale com a gente. A Curso-R é uma empresa voltada a cursos de programação em R. Nossa missão é descomplicar a ciência de dados. Todos nossos materiais são públicos por padrão e podem ser acessados pelo GitHub. Pode me procurar no Twitter por jtrecenti ou fale com todo mundo da Curso-R através de contato@curso-r.com.

São apenas sugestões! Também estou aprendendo.

É isso. Happy coding ;)

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